A Educação foi principal base de todas as transformações culturais
e políticas da História da Humanidade. O privilégio de aprender e do saber decidiu
e mais e mais influi na vida de todos os seres humanos. Educar e aprender são
requisitos da Civilização e constam como Direitos Humanos implícitos ou
explícitos, pois essa é uma condição de existência, só negada pelas civilizações
mais rudimentares.
Não era fácil, custava muito para quem nasceu e viveu a sua
infância e juventude longe das boas escolas e polos de cultura superior.
O Serviço de Correios, a partir de simples cartas, livros,
manuais e kits de ensaio viabilizaram há mais de um século o estudo para
aqueles que tinham força de vontade e condições de pagar seus custos, muito
menores do que abandonar tudo para aulas presenciais em locais distantes. Já naquela época essa condição de aprendizado
era suportada por excelentes profissionais, pois é infinitamente mais fácil
regular qualidade nessa condição do que multiplicando professores, nem sempre
sintonizados com suas responsabilidades.
A qualidade de quem aprendia assim era problema do aluno,
muito mais do que da escola. O mercado de trabalho se encarregava de selecionar
os melhores. Empreendedores descobriram ciências que geraram empresas,
indústrias e soluções.
As corporações profissionais, contudo, logo trataram de
proteger diplomas. Os certificados foram e são instrumentos de exclusão,
extremamente importantes em serviços públicos, empresas sem dono e protegidas
de qualquer vontade real de competência. Vale o que greves e pressões absurdas (ou
impublicáveis) conquistaram...
O Ensino a Distância, EAD, agora dispõe de recursos que não
param de se aprimorar. Novas tecnologias podem levar aulas e cursos, livros e
até laboratórios virtuais a qualquer canto do planeta que disponha de serviços
de telecomunicações ou, off line, fora de sincronismo, via pendrives, DVDs,
chips, unidades maiores ou menores de memória e processamento de dados, enfim.
Com certeza a capacidade de aprender e trabalhar pode
dispensar cursos. Poucos dos grandes inventores da história da Humanidade
tinham diplomas, a inteligência deles, o empreendedorismo e a capacidade de
inovar não tinham paciência para cursos criados para a média da inteligência
humana.
Somos brasileiros e aqui no Brasil o “brasifacismo” gerou
burocracias e sindicatos atrelados a conveniências políticas. A ideologia da
exclusão marcou definitivamente nossa história. Essa cultura pesou na inclusão
e na aceitação de quem é diferente, ainda que em detalhes supérfluos.
O Brasil precisa enfrentar e vencer desafios colossais para
compensar atrasos históricos que dispensam explicações. Entre os maiores está a
Educação e a Formação Profissional. O debate em torno do pesadelo que gerou o (Programa Mais Médicos) foi, é e será
extremamente elucidativo do que significa isso tudo.
O problema existe em muitos outros cenários. Em todos a
situação da Pessoa com Deficiência é a mais humilhante, desesperadora,
assustadora diante da tranquilidade de tecnocratas que assumiram o comando do
processo de inclusão.
Leis, decretos, normas, regulamentos etc. não bastam; na
rede pública de ensino o que vale é a disputa pelos cargos privilegiados que
assim facilitam viagens, seminários, congressos e debates intermináveis e caríssimos
sobre semântica e novas leis e decretos inúteis, pois nem os mais simples e
importantes são respeitados.
Para as pessoas com deficiência que ultrapassaram as
barreiras iniciais do ensino, algo possível em cidades privilegiadas,
maravilhosamente agora existe o EAD século 21. O Governo Federal e os estaduais
podem por decreto e viabilização de leis estratégicas romper as barragens
corporativas, algo mais do que notável na votação de Medidas Provisórias que
interessam aos grandes grupos econômicos.
O jovem ou adulto PcD precisam de acessibilidade e
oportunidades de aprendizado profissional, acima de tudo.
Por quê não subsidiar cursos em EAD (de qualquer espécie de
curso) para todos os estudantes excluídos financeiramente? Ou melhor, oferecer
os famosos diplomas após cursos em EAD com todos os recursos de acessibilidade?
O EAD custará menos do que uma grande e restritiva
universidade pública e convencional, entupida de mestres e doutores nem sempre
bem aproveitados.
O EAD pode dispensar vestibulares. Para quê? Não tem
limitações de espaço e contingente de professores... Temos o ENEM, para quê
mais?
O mercado de trabalho deve ser o grande vestibular e exames
padrão OAB (Exame da Ordem) podem substituir qualquer certificado profissional.
Precisamos unicamente de coragem e honestidade intelectual para
entender que o ensino convencional após o período de educação e acolhimento,
proteção, formação de caráter, de saúde física e mental, social e pessoal, embutidos
no pré-escolar e ensino básico pode ser melhor com os padrões modernos de EAD,
mais ainda se as escolas que o produzem se liberarem das amarras ridículas
criadas pelo MEC.
A exigência de subordinação ao MEC pode estar carregada de
boas intenções, o difícil é acreditar no que essa repartição pública decide em
meio a pesadíssimos interesses empresariais (área do Ensino) e sindicais.
Em 3 de Dezembro comemoramos o Dia Internacional da Pessoa
com Deficiência, seria fantástico se todas as famílias com problemas de
exclusão fossem à ruas protestar e exigir a inclusão já, principalmente na
Educação e Formação profissional. Em poucos meses o Governo Federal poderá
fazer muito, inclusive importando de nações mais desenvolvidas cursos prontos,
bastando a tradução e agregação de LIBRAS, audiodescrição e legendas.
É possível apesar de ser uma utopia, afinal não se muda a
cultura fossilizada de um povo por decreto ou MP. De imediato o Governo pode,
contudo, derrubar barreiras corporativas...
O povo brasileiro precisa de bons governos, viabilizar,
ampliar e universalizar o EAD é a solução para muitos de nossos problemas em
todos os serviços essenciais, por exemplo.
Cascaes
26.11.2013
Programa Mais Médicos. (s.d.). Fonte: Portal da Saúde:
http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/area/417/mais-medicos.html
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